Com a chegada do “novo normal” e a necessidade de adaptação em todas as áreas, quem tinha uma resistência ao ensino online foi vencido pela pandemia. Trabalhar e estudar de casa é a realidade – talvez nunca aguardada – que estamos vivendo. Dentro deste contexto, a modalidade EAD cresceu vertiginosamente.

Pesquisa da Educa Insights “Coronavírus e Educação Superior: o que pensam os alunos”, em parceria com a Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES), aponta que, mesmo na pandemia, há uma demanda reprimida de estudantes que desejam iniciar cursos de graduação no primeiro semestre de 2021: são 38% dos entrevistados. Destes, 46% demonstraram interesse no EAD contra 33% do presencial.

“O aluno perdeu a resistência do ensino online e tem gostado deste novo modelo virtual, porque pode fazer uma aula teórica do conforto de sua casa, sem gastar com combustível, condução. Para quem trabalha e estuda, há mais comodidade, menos estresse com perda de tempo nos deslocamentos. As aulas virtuais contribuem para amenizar esta correria e contam com interação do professor e também do aluno. É um presencial-virtual”, declara o diretor executivo da ABMES, Sólon Caldas.

O levantamento “Coronavírus e Educação Superior: o que pensam os alunos” foi realizado em novembro de 2020. Em sua 5ª fase, a pesquisa reuniu 1.102 pessoas, entre homens e mulheres com idade de 17 a 50 anos, de todas as regiões do País, com interesse em ingressar em cursos presenciais e EAD ao longo de 18 meses. Foram realizadas outras quatro etapas do levantamento nos meses de março, abril, maio e julho de 2020.

“Percebemos o crescimento do EAD há vários anos. Ele vem crescendo exponencialmente, enquanto o presencial vem diminuindo. Um estudo que fizemos em 2019 apontava que em 2023 o ensino à distância iria passar o presencial no número de matrículas. Durante a pandemia, o crescimento do ensino online está sendo tão acelerado, que em 2022 isto já deve ocorrer”, relembra.

Segundo Caldas, as formações EAD, por exigirem mais organização, disciplina e um comprometimento maior, também são vistas com bons olhos pelo mercado de trabalho. Estas qualidades são valorizadas pelos empregadores. “Existe uma necessidade de habilidade maior para fazer uma formação à distância. O mercado de trabalho busca estes perfis e a formação acadêmica também aumenta a empregabilidade em 186%, com relação a quem tem apenas o Ensino Médio”.

Outro dado da pesquisa é que cursos da área de Saúde figuram entre os mais procurados, tanto para quem quer estudar presencial ou remotamente. “Quem já atua nesta área, como um técnico de Enfermagem, vislumbrou que pode fazer um curso de Enfermagem, por exemplo, para ter uma valorização maior. Aliás, o enfrentamento da própria pandemia mostra a importância destes profissionais”.

Adaptação e reputação
Muita gente que aderiu ao ensino online, por força maior ou por vontade de aprender algo novo, foi impulsionada pela pandemia. Conselheira da Associação Brasileira de Educação à Distância (Abed), Ivete Palange comenta que existem três grupos de pessoas que buscam por cursos online, com expressivo aumento na pandemia: o primeiro grupo reúne aqueles que buscam melhorar sua formação, com cursos ligados à profissão.

“Cursos de edição de vídeo e programação tiveram um boom na pandemia. Diferentemente dos professores do Ensino Superior, que geralmente têm uma equipe de suporte, os profissionais da Educação Básica tiveram que se virar para produzir conteúdo de ensino, gravando aula e editando. Eles foram atrás destes cursos para melhorar no uso destas ferramentas”, revela Ivete.

Já o segundo grupo reúne pessoas que precisaram descobrir outras formas de renda e, assim, iniciar ou implementar o próprio negócio. “São cursos como confeitaria, Administração e otimização do uso de redes sociais como Instagram.”

Conforme a conselheira da Abed, o terceiro grupo congrega pessoas que buscam áreas de conhecimento e assuntos que gostam e têm afinidade, como yoga, pilates, estética, criatividade e autoconhecimento, por exemplo.

No entanto, para quem quer iniciar um curso EAD, Ivete orienta a primeiro analisar o curso e a instituição.

“É importante saber qual é a metodologia do curso, como é feita a avaliação, a plataforma utilizada, se há suporte e as condições da instituição, para ver se atende às expectativas. Também vale uma autoanálise: o que eu quero e como gosto de aprender?”, diz ela, ressaltando que o ensino online necessita de disciplina. “Não é moleza! Tem que estudar, montar uma rotina para favorecer o desempenho, se não, as atividades acumulam e o aluno acaba desistindo”, orienta.

Embora não disponha de dados, a Associação Brasileira de Educação Online (Abeline) informou que houve aumento da procura pelos cursos gratuitos (cursos básicos em várias áreas de conhecimento) de sua plataforma, durante a pandemia.

A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Ministério da Educação (MEC), porém não obteve resposta.

Fonte: https://abmes.org.br/noticias/detalhe/4317/ensino-a-distancia-se-consolida-na-pandemia

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